Revista MEL

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5ª edição – Bootcamp: Alianças Feministas


O que aconteceu?

Entre os dias 4, 5 e 6 de Agosto de 2021, realizou-se um circuito do Bootcamp/ Atelier Feminista, intitulado Alianças Feministas, que consistiu em encontros virtuais com a duração de três horas cada e TPCs realizados pelos colectivos com a própria organização. Participaram em média 40 pessoas por sessão, contabilizando a presença de cerca de 30 colectivos (AMMCJ-ROSC, ASCHA, Associação de Mulheres Jovens Líderes, Young Women Leaders, AMPDC, GMPIS, NAFES, AMME, AMUDHF, FORMUCAMU, Associação Feminina de Chiuta, Associação Moçambicana Madalitso, GMJERAC, Associação de Viúvas Teresa Grigolini, ADMN, Ovarana Waxithiana Wampula, FAFI, FOFEN, Muchefa, MULEIDE, Coluas e CABE), dos quais quatro eram WIPs (NAFEZA, LeMuSiCa, Ophenta, Fórum Mulher).


Bootcamp 2021: Alianças Feministas

Inserido no fluxo de reflexão do MEL, o Bootcamp é uma actividade que acontece todos os anos e que reúne os colectivos das regiões sul, centro e norte do país. Para este ano, o seu tema foram as Alianças Feministas e os seus objectivos foram reflectir sobre a prática feminista na gestão organizacional, reflectir e conhecer sobre métodos participativos e partilhar histórias e experiências de como empoderar outras mulheres.

O grupo de reflexão foi constituído por cerca de 43 pessoas de 28 colectivos que se sentem felizes por estarem juntas para aprender e trocar experiências, além de sentirem que precisam de forças e ajuda para enfrentar o contexto difícil da COVID-19, dos conflitos armados, da VBG e das dificuldades económicas.

As sessões foram orientadas por questões centrais e demandaram como TPCs reflexões individuais e organizacionais. As questões orientadoras foram as seguintes:

  • Conectar e reflectir: desafios dos colectivos na prática feminista organizacional
    Quais são os desafios dos colectivos para ter uma prática feminista na gestão organizacional?

  • Reflectir e aprender sobre métodos participativos
    O que são métodos participativos, por que são importantes e quais os exemplos?
    O que é educação popular feminista? Como podemos praticar?

  • Reflectir sobre a experiência das mulheres para empoderar outras
    Por que é importante apoiar e empoderar outras mulheres?
    Como fazer para empoderar outra mulher?


O que é Bootcamp?

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Quais foram as reflexões mais importantes?

DIA 01

O primeiro dia do Bootcamp teve a participação de Graça Samo, activista feminista e Secretária Executiva da Marcha Mundial das Mulheres. Com ela, o grupo reflectiu e debateu sobre a prática feminista do cuidado e a sua gestão nos colectivos. Na reflexão sobre o que é ser feminista, o grupo inumerou características importantes, como não ser machista ou partidária, enfrentar o sistema patriarcal que diz que a mulher é culpada da violência, defender os nossos valores como mulheres e responder às necessidades das mulheres e aplicar a justiça e igualdade de género em todas as questões.

Como práticas feministas importantes, as participantes identificaram a união, o entendimento e o apoio mútuo entre mulheres e colectivos; a solidariedade (puxar umas pelas outras); a visibilidade e a inclusão para abrangência e impacto; a sustentabilidade; a melhoraria e persistência na comunicação; a prestação de contas; um maior investimento em reflexões internas; o esforço de todo o colectivo na aprendizagem; a interação e melhoria das nossas conexões e sinergias com ferramentas como o WhatsApp e o Atelier Feminista do Aliadas em Movimento e a ideia de que nós, Colectivos, temos estilos diferentes de lideranças e tudo depende de nós.


Reflexão: Quais as práticas feministas para a gestão da organização?

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Reflexão: Quais os aprendizados sobre a nossa prática feminista?

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DIA 02

O segundo dia do Bootcamp aprofundou o aprendizado sobre os métodos participativos e feministas. O tema situou-se no contexto do sistema patriarcal, que reproduz a desigualdade de género através de normas sociais e culturais, seja na vida pessoal (casa, bairro), como na vida profissional, limitando a capacidade de agir e a consciência de mulheres e homens. Imposição de papéis sociais, as pressões e opressões que afectam atitudes, percepções e sentimentos que se gravam na mente, no corpo e nos hábitos, na vida pessoal e na vida organizacional foram outros temas debatidos. De maneira geral, a reflexão girou em torno de como o feminismo traz ideias e ferramentas para enfrentar e criar alternativas a este sistema patriarcal.


Quais os princípios para um modelo de gestão democrática com métodos reflexivos e participativos feministas?

Os modelos clássicos de gestão patriarcal reproduzem as normas sociais e as desigualdades dentro de uma organização ao promover hierarquias, competição entre indivíduos, ao não criar um ambiente criativo e seguro e ao não dar um feedback positivo e sim lições de moral. Ao contrário, os modelos de gestão democrática problematizam e buscam inovação e criatividade, criam possibilidades para as mudanças, promovem autonomia e responsabilização com tomada de decisões compartilhadas, apoiam a equipe a reflectir, participar, incluem e negoceiam as diferenças de opiniões, têm uma comunicação clara e permanente escuta num ambiente seguro de trabalho, estimulam pensamentos próprios para encontrar caminhos alternativos para que sonhos sejam realizados e desafiam e questionam as estruturas e sistemas da sociedade que criam barreiras para a igualdade e justiça de género.

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Quais os caminhos para práticas feministas participativas?

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  1. Espaço seguro: é um espaço de confiança para que as mulheres possam falar e debater sobre diferentes visões de mundo: investir no próprio conhecimento e aprendizagem; escutar e gerir frustrações e sonhos; ter acordos claros sobre expectativas e acolher as diferentes opiniões e pensamentos;

  2. Comunicação e negociação: é a estratégia para criar a confiança e escuta sem julgamento: deixar o colectivo definir/ expressar e negociar; ter clareza dos papéis e tarefas a serem realizadas; observar a dominação de líderes e a dinâmica dos grupos;

  3. Provocar o debate: é o caminho da gestão do trabalho de grupo. Ouvir todos os lados, com respeito e honesta curiosidade permite a argumentação e elaboração das ideias: ver o erro como aprendizagem e não algo a ser punido, dar feedback construtivo; questionar sempre fazendo as perguntas “Porquê? Como? O que significa?”, pois o uso de perguntas encorajadoras estimula a curiosidade; questões problematizadoras ajudam a alcançar a visão colectiva; criar estratégias para incluir as pessoas que não conseguem participar no debate;

  4. Cuidar: quem cuida de quem cuida? Como estamos a reinventar-nos no contexto desafiador? Que auto-cuidado fazemos?


DIA 03

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No terceiro e último dia do Bootcamp, foi possível aprofundar o significado das práticas feministas para engajar e apoiar as mulheres. Debateu-se e reflectiu-se sobre vários temas, nomeadamente:

  • Como estamos a liderar processos que cuidam, incluem e empoderam outras mulheres? O que podemos melhorar?

  • Como estamos a gerir o tempo para tomar decisões e incluir as várias vozes? O que podemos melhorar?

  • Como estamos a gerir a comunicação para dar voz e ouvir todas? O que podemos melhorar?


Como avaliamos o processo?

  • Maior desafio do processo de reflexão em formato virtual é o engajamento dos colectivos, superando os limites do acesso com a oscilação da internet;

  • No formato virtual, o esforço de preparação é dobrado, pois é necessário criar diferentes estratégias, muita comunicação e reforço de mobilização;

  • A avaliação final é positiva, a metodologia foi acertada ao usar-se o PowerPoint como suporte para visualizar as sessões, ter grupos de debates, TPCs de preparação e durante os Bootcamps. Os TPCs foram estratégicos para criar o espaço de reflexão de quem participou das sessões com o colectivo. Foi importante simular o que é feito presencialmente: respiração, meditação, exercícios de QGung, momentos de socializar, cantar, poesias, etc;

Os conteúdos: 1) a reflexão sobre a prática feminista na primeira pessoa, no colectivo e no apoio para trazer junto às outras mulheres foi profunda e trouxe exemplos práticos; 2) as participantes já têm mais conhecimento de técnicas e do conceito sobre metodologias participativas feministas; 3) o ponto alto foi a interação com Graça Samo, sobre ser feminista e o cuidado de si e do colectivo como prática feminista de gestão das organizações e do movimento.

Cuidar umas das outras

Gosto de ver como as imperfeições
Do meu corpo me tornam perfeitas
Oh mulher! Mulher Africana! Oh mulher! Mulher Moçambicana!
Como somos tão macias porém
Ásperas e selvagens
Quando precisamos
Como somos capazes de sentir
Como não temos medo de romper
cuidar das dores e saúde
De umas das outras
Oh Mulher! Mulher Africana! Oh Mulher! Mulher Moçambicana!
Só o facto de ser mulher
Dizer que sou mulher
Me faz absolutamente plena, completa e capaz de cuidar umas das outras
Oh Mulher! Do Sul, Centro e Norte
Nos comuniquemos como companheiras
Oh Mulher! Mulher Moçambicana
Cuidemos umas das outras

(AVTG – Cecília)
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