Anúncio Dos Resultados Do Concurso Para Financiamento Plurianual A Colectivos, Redes E Organizações De Mulheres Para O Programa Voz E Liderança Das Mulheres

Com o objectivo de fortalecer a sustentabilidade, a liderança e a acção transformadora de organizações, redes e colectivos feministas em Moçambique, o Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), com apoio do Governo do Canadá, lançou, no passado dia 10 de Maio de 2025, o concurso para financiamento plurianual no âmbito do Programa Voz e Liderança das Mulheres (WVL–ALIADAS).

A forte adesão ao concurso demonstrou a vitalidade e o compromisso do movimento feminista no país. Mais de 60 organizações, associações, colectivos e redes de todo o país submeteram propostas elegíveis. Destas, 16 foram pré-seleccionadas pelo Comité de Avaliação Feminista Independente, criado especificamente para o efeito.

Após visitas de avaliação de capacidades institucionais, foram seleccionadas 12 propostas, conforme a lista abaixo, garantindo diversidade temática e territorial, representatividade regional e destacando abordagens inovadoras alinhadas com os três grandes objectivos do Programa WVL–ALIADAS.

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Zareta Alberto


Zareta Alberto, do distrito de Gorongosa, província de Sofala (zona centro de Moçambique) é uma mulher que acredita na justiça de género e no direito de mulheres e homens viverem livres de todo o tipo de violência.

A Zareta coordena o Comité Mulheres, Paz e Segurança da Gorongosa, um grupo composto maioritariamente por mulheres, que visa reflectir e mudar crenças e comportamentos que sustentam a ausência da paz. Neste sentido, o grupo aborda as questões de paz tanto na família como nas comunidades e no país, como esferas interligadas e interdependentes de construção da paz. O Comité procura sensibilizar os homens e as mulheres para que possam mudar os comportamentos que criam também injustiças de género, como a sobrecarga de trabalho por parte das mulheres, os casamentos prematuros, a violência doméstica e a violência praticada contra as mulheres e raparigas. As mulheres membros do grupo desejam “mudar a nós e aos nossos maridos”

A Zareta tem sido uma força motivadora para as mulheres e homens com consciência de justiça de género no distrito de Gorongosa. Ela partilha recursos e formações que permitem à mulheres e homens reflectirem sobre os seus papéis de género, a distribuição de tarefas e recursos nas famílias e sobre os limites para que as mulheres possam desfrutar dos seus direitos, consagrados na Constituição da República. 

O Comité coordenado por Zareta também tem sido uma fonte para a cura de situações difíceis, vividas sobretudo pelas mulheres. Através do estudo e aplicação dos conteúdos de um manual sobre Mulher, Paz e Segurança, ao qual tiveram acesso, as mulheres membros partilham entre si como eram as suas vidas durante a guerra, fazem comparações conscientes entre o tempo de guerra e o tempo de paz, falam sobre as atrocidades cometidas, como a execução de mulheres grávidas, sobre as mulheres violadas durante a guerra e durante os períodos de paz, partilham sobre as violências que viveram, sobre os bens levados, as casas queimadas, e sobre todo o tipo de sofrimento que enfrentaram. Estas experiências oferecem aos membros do Comité um espaço seguro para falar abertamente sobre temas que criaram e criam muita dor mas, que em alguns contextos, ainda são tabus. E também um espaço que produz mudanças sociais que permitem às mulheres sonharem com famílias e comunidades livres de violência dentro e fora de casa.

A Zareta sonha que, com tempo e paciência, o Comité Mulheres, Paz e Segurança da Gorongosa possa se multiplicar por todo o distrito, com sub-comités em várias comunidades, sobretudo nas mais recônditas. O seu grande sonho é poder contribuir para mudar a vida de outras mulheres que ainda não tiveram a exposição e oportunidades que ela teve através do Comité e contribuir para criar um cenário mais favorável para as mulheres, livre de conflito político-militar, da violência doméstica e dos casamentos prematuros. 

O sonho do comité é que as condições para que haja empoderamento das mulheres chegue também às zonas onde não existe o Comité Mulheres, Paz e Segurança. Ou seja, desejam que haja uma transformação profunda das relações de poder, das normas sociais, do acesso e controle dos recursos na sociedade, que permita que as mulheres e raparigas possam decidir sobre os assuntos que afectam as suas vidas.


Zareta Alberto é coordenadora do Comité Mulheres, Paz e Segurança da Gorongosa 

História escrita por Khanysa Mabyeka, baseada numa entrevista realizada por Sylvie Desautels, em Março 2020, com o Comitê de Mulheres, Paz e Segurança de Gorongosa, no âmbito de uma pesquisa liderada pelo Gorongosa Restoration Project.

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