Revista MEL

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2ª edição – WVL-ALIADAS LANÇA A PRIMEIRA PLATAFORMA VIRTUAL FEMINISTA, ALIADAS EM MOVIMENTO, A CASA DO MOVIMENTO
Lidia Chongo, Directora Nacional do Género

Realizou-se, a 19 de Novembro, o lançamento oficial da primeira plataforma virtual feminista no país, Aliadas em Movimento, a nossa casa. O evento, realizado na Galeria do Porto de Maputo, contou com as ilustres presenças da Directora Executiva do CESC, da Directora Nacional do Género, da Alta Comissária da República do Canadá em Moçambique e ainda da Coordenadora do Secretariado Internacional da Marcha de Mulheres, das equipes do WVL-ALIADAS e do CESC, da equipe que construiu este espaço, das organizações e colectivos parceiros do Programa e de demais convidados que se distribuíram entre o espaço físico e virtual.

Tendo como Mestre de Cerimónias a jornalista Eva Trindade, o evento iniciou com as boas-vindas da Directora Executiva do CESC, Paula Monjane. Para a Directora Executiva, o Aliadas em Movimento é um espaço virtual para conectar, dialogar, compartilhar, aprender e fortalecer o movimento feminista em Moçambique. Surgido no contexto do Covid-19, que restringiu e até inibiu a comunicação entre as organizações, espera-se que a plataforma se transforme num espaço onde as organizações, grupos de mulheres, redes parceiras e outas colectividades de mulheres interessadas, possam interagir entre si e que este seja um atelier para facilitar debates, formação, reflexão, aprendizagem e partilha de afectos, imagens, histórias e vivências escritas e visuais. Espera-se, também, que esta plataforma crie um espaço de aprendizagem e possibilite o estabelecimento de sinergias e colaboração entre as organizações, grupos e mulheres em forma de trabalho em rede, tornando-se cada vez mais relevante como espaço seguro de articulação e definição de agendas e prioridades para o movimento de mulheres, para além de convergir as redes locais, nacionais e também internacionais, onde acções feministas se multiplicam.



Para Caroline Delany, Alta Comissária da República do Canadá em Moçambique – financiador do Programa WVL-Aliadas -, a criação desta plataforma é importante para reaproximar e conectar pessoas e organizações, assim como partilhar e fortalecer o movimento feminista em Moçambique. Destacando o “novo normal” como contexto de criação desta plataforma, o seu objectivo é exatamente o de resgatar a ligação, trazer de volta o diálogo e difundir o movimento feminista em Moçambique. Como iniciativa do Aliadas, que trabalha para reforçar as organizações e movimentos locais de defesa dos direitos das mulheres em Moçambique, espera-se que a plataforma ajude a estimular um movimento feminista moçambicano vibrante. É exatamente por causa deste movimento e do acervo de defensores dos direitos humanos das mulheres, que inclui o Governo de Moçambique, que se tem vindo a registar importantes progressos, como a aprovação de importantes leis relacionadas com os direitos das mulheres e raparigas, incluindo as relacionadas com o acesso ao aborto, benefícios no casamento civil, herança e a proibição e penalização das uniões prematuras. Neste sentido, concluiu a Alta Comissária, espera-se entusiasticamente que a plataforma virtual, que não tem fronteiras, ajude a alargar as possibilidades de interacção, colaboração e aprendizagem mútua entre as organizações que compõem o movimento feminista a nível nacional e global.

Finalizando a lista de ilustres convidadas, Lídia Chongo, Directora Nacional do Género, mencionou a igualdade de género como prioridade do governo, enfatizando que o Programa vai ao encontro destas prioridades.

Após estas notas iniciais, de boas-vindas e de abertura do lançamento, foi a vez de Catarina Casimiro Trindade, da equipe de criação do site, guiar a plateia (presencial e virtual) através de uma viagem pela Plataforma, apresentando-a, descrevendo cada secção e explicando a inspiração por trás de cada imagem, cor, palavra e ilustração. É importante destacar que esta é, antes de mais, uma plataforma virtual feminista, ou seja, um espaço de inclusão, diversidade, participação e solidariedade, onde as mulheres se apoiem e cuidem de si e do colectivo dos feminismos moçambicanos, de liberdade de escolha, autonomia e respeito mútuo. Ou seja, uma “casa virtual dos movimentos”, um lugar seguro, animado, leve, que inspire curiosidade e o desejo de estar juntas, um lugar de voz e de participação. Um lugar para contar histórias, de mulheres que nos inspiram e sobre os feminismos e o movimento de mulheres em Moçambique.



De seguida, foi a vez de Cecília Matine, diretamente da sede da Associação de Viúvas Teresa Grigolini em Nampula, partilhar com os presentes as suas impressões como usuária da plataforma. Cecília avaliou o espaço como uma casa, a sua casa, a nossa casa. Uma casa onde, quem nela entra, deve atentar-se a alguns requisitos: reconhecer a casa, ter a chave da casa, conhecer os seus compartimentos e identificar-se com ela. Esta é uma casa que deve ser partilhada por todas as mulheres, como plataforma. Cada inquilina deve ter a chave, conhecer e sentir-se em casa. No entanto, Cecília lembrou que há ainda imensos desafios no que diz respeito ao uso de tecnologias. Muitas organizações feministas, formais e informais, não dominam as funcionalidades das tecnologias no seu todo, existem imensas limitações no uso, nas motivações, assim como falta de interesse, desconhecimento das vantagens do uso, baixa escolarização, falta de tempo, vergonha, medo e baixa auto-estima. Neste sentido, Cecília apelou para que o espaço seja cuidado com muito carinho, criando mecanismos de inclusão de todas as mulheres, organizações, independente do seu status social. Ultrapassando esses obstáculos, as mulheres terão as ferramentas, as chaves e o acesso a essa casa. É necessário, assim, apostar e apoiar as mulheres e organizações que necessitam de formação e de capacitação para o uso de ferramentas tecnológicas.

Dando continuidade à viagem pela plataforma, coube a Solange Rocha, coordenadora da equipe de criação e conectada diretamente de Cape Town, apresentar um dos compartimentos mais importantes desta casa, o Atelier Feminista. Solange começou por afirmar o quão significativa é esta plataforma, não só para o movimento feminista moçambicano, mas também para o movimento feminista de todo mundo, por ser uma plataforma que consegue conectar o activismo, a produção e principalmente a fala das mulheres. Entrando na descrição do espaço privado da casa, Solange explicou que este é o lugar da formação, onde as parceiras do Aliadas podem interagir, reflectir e trazer as suas questões para aprofundar. É um espaço que carece de cuidados especiais de segurança, para que os conteúdos produzidos e partilhados entre as mulheres não saiam de qualquer forma. Como espaço de produção de conhecimento, o seu grande objectivo é a monitoria, a avaliação e a aprendizagem, sendo este último muito importante. Este espaço é constituído por três elementos, nomeadamente o Nós Podemos, o Nós em Movimento e o Cuidando de Nós. O primeiro é o espaço da reflexão, constituído por bootcamps que acontecerão em média três vezes por ano e onde se fará o acompanhamento das organizações, um espaço de reflexão e aprendizagem, onde as parceiras se conectam, aprendem com os erros e melhoram e aprofundam formas de gestão feministas. O segundo espaço foi criado para se reflectir e recolher os aprendizados da teoria da mudança e as interacções acontecerão através da plataforma Zoom. Finalmente, o terceiro espaço é o espaço do cuidado, pois aprendemos com o feminismo que precisamos nos cuidar e aqui serão partilhadas sugestões de auto-cuidado. Produto de tudo o que é importante e que precisa ser partilhado com a generalidade dos usuários da plataforma, a Revista MEL será um apanhado dos principais conteúdos do Atelier Feminista. Solange terminou a sua participação lembrando que fazer esta página foi uma aventura, a aventura dentro da aventura, contando um pouco como foi germinando esta ideia, os caminhos seguidos e a constituição da equipa que teve como resultado esta casa que hoje lançamos



Como forma de colocar em prática uma das secções mais importantes da nossa casa, a Aliança de Pensamentos, foi organizada uma pequena conversa internacional, comandada por uma das referências do movimento feminista moçambicano, Graça Samo. Com o tema “o poder do activismo digital”, esta conversa semi-presencial e semi-virtual teve a participação da activista feminista moçambicana e pesquisadora do Programa Muva Shaísta de Araújo, da feminista e activista angolana do colectivo de mulheres Ondjango Feminista Leopoldina Fekayamãle e ainda da feminista e activista brasileira, militante do movimento negra e do colectivo Periféricas Thiane Barros. Shaísta começou por fazer uma rápida apresentação sobre o Projecto Muva, que trabalha para o empoderamento económico das mulheres e partilhou alguns resultados do estudo do Projecto MuvaTech sobre promoção para o acesso e uso do digital. Segundo o estudo, há ainda bastante desconhecimento e medo em relação aos meios tecnológicos e uma discrepância no acesso entre homens e mulheres. Shaísta terminou a sua intervenção destacando uma proposta para seguirmos juntas num activismo digital pleno, que é continuar o activismo para o acesso de todas as mulheres, para o uso promissor das redes, para o conhecimento dos seus direitos.

Directamente do sul de Angola e conectada conosco via Zoom, Leopoldina falou um pouco sobre o colectivo de mulheres do qual faz parte e que acontece principalmente no espaço virtual, tendo como principal foco uma jornada de activismo pelos direitos das mulheres e a ocupação do espaço virtual para massificar um discurso feminista e abordar os direitos das mulheres numa perspectiva feminista. O colectivo organiza uma série de actividades físicas, com a força dos contactos do espaço virtual. As alianças criadas visam mobilizar e conectar por meio do espaço virtual. A título de exemplo, Leopoldina relatou a mobilização maioritariamente virtual e realização de uma grande marcha pela despenalização do aborto, que teve êxito.

Por fim, Thiane Barros falou um pouco sobre o colectivo Periféricas, baseado num activismo digital destinado a levar um pouco dos conhecimentos e cuidados digitais para jovens da periferia de Salvador e outras regiões do Brasil. Relatou ainda várias outras experiências de activismo digital no país, cujo principal interesse é o cada vez maior acesso das mulheres aos seus direitos e ao uso equitativo e de qualidade da internet, experiências essas que acabaram invadindo as ruas. Thiane terminou a sua intervenção destacando o papel importante das redes e a necessidade de criá-las e fortalecê-las, trazendo as manifestações políticas para este meio.

A famosa foto em grupo com todas as presentes



Por fim, Fidélia Chemane, Directora do Programa WVL-Aliadas, procedeu ao encerramento e agradecimentos finais deste que foi um dia especial e importante para a nossa casa. Fidélia enfatizou que esta viagem está só a começar e que só se vai concretizar e ser celebrado, se todas nós estivermos juntas. Lembrou ainda que o Aliadas sempre se fez com a contribuição e o entusiasmo de amigas, que ajudaram a construir esse projecto. Agradecendo a essas amigas e reconhecendo o seu empenho, Fidélia deu por encerrado o lançamento enfatizando que esse é o espírito que deseja que prevaleça e convidando todas e todos os presentes para uma pequena confraternização.

Não podemos deixar de destacar a presença e contribuição artística e cultural de Melita Matsinhe, que nos brindou com momentos musicais ao longo do lançamento, e de Eliana Nzualo, com a sua poesia. Um agradecimento especial também a toda a equipe técnica e de logística, que possibilitou um evento sem percalços.

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