Revista MEL

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4ª edição – Teoria de Mudança (TOC)

1. O QUE ACONTECEU?

Aprender com o passado, reconhecer os sucessos, barreiras e dificuldades é o caminho para construir um futuro feminista mais sustentável para os colectivos que fazem parte do WVL ALIADAS.

No âmbito do MEL (Monitoria, Aprendizagem e Avaliação) realizaram-se, entre Fevereiro e Maio de 2021, encontros e reflexões com os colectivos das regiões sul, centro e norte do país. Estes eventos incluíram três encontros regionais onde falamos sobre a Teoria de Mudança (TOC). Realizaram-se também duas importantes reflexões, uma sobre o contexto dos Direitos Humanos das Mulheres e outra sobre a acção das mulheres frente ao COVID-19. Nesta última, analisámos como os colectivos enfrentam a pandemia através da Plataforma Mulheres ComVida. Por fim, em Maio realizámos o TOC Nacional, onde todas as reflexões foram conectadas numa teia de sonhos para o futuro.

O TOC Nacional 2021

Acontecendo uma vez por ano e reunindo as regiões sul, centro e norte, o TOC Nacional deste ano foi realizado entre os dias 13 e 15 de Abril. A facilitação ficou a cargo do ALIADAS e a co-facilitação das WIPs (Ophenta, NAFEZA, Fórum Mulher, Lemusica). Participaram do encontro 26 organizações e colectivos, nomeadamente o Fórum Mulher, AMMCJ-ROSC, ASCHA, Associação Moçambicana de Mulheres Jovens Líderes, Young Women Leaders, LEMUSICA, AMPDC, GMPIS, NAFES, NAFEZA, AMME, AMUDHF, FORMUCAMU, Associação Feminina de Chiuta, Associação Moçambicana Madalitso, Grupo de Mulheres Jornalistas para o Empoderamento da Rapariga e Comunidade de Tete, OPHENTA, Associação das Viúvas Teresa Grigolini, Associação das Mulheres com Deficiência de Nampula, Ovarana Waxithiana Wampula, FAFI, FOFEN, Muchefa, MULEIDE, Coluas e CABE.

Antes de avançarmos na partilha das principais reflexões, aprendizados e próximos passos saídos deste encontro, vamos partilhar sobre o que é o TOC e como este é uma ferramenta importante no exercício de reflexão sobre o trabalho que desenvolvemos.

O que é o TOC?

O TOC (Teoria de Mudança) está inserido no âmbito do MEL – Monitoria, Aprendizagem e Avaliação – e é um exercício de reflexão anual para analisar os resultados, os contextos e os riscos para o alcance do sucesso programático. É um espaço de reflexão para construir um entendimento colectivo em direcção ao futuro, tendo em vista potencializar os resultados do programa. Significa saber o que estamos a mudar, porquê e perceber os obstáculos, de modo a ter a visão do todo, definir o que será feito nacionalmente e como tal fortalecerá o movimento.

Porquê o TOC?

O TOC permite o fortalecimento da articulação e compartilhamento de aprendizado entre as parceiras de implementação do ALIADAS. Fortalece as práticas feministas dos colectivos e movimento para promover a igualdade de género e direitos humanos das mulheres em Moçambique.

Quais os objectivos do TOC?

O TOC tem como principal objectivo analisar o Contexto, os Riscos e os Resultados. Desta forma, o aprendizado feminista será alavancado com este espaço de compartilhamento mais amplo. Adicionalmente, o TOC permite também acompanhar o progresso do programa, sistematizar o aprendizado a ser apresentado no relatório anual do Programa ALIADAS e aprender com as suas próprias intervenções para, assim, melhorar a prática, a qualidade e o impacto.

Qual o significado do que estamos a fazer? Como é que o que está a ser feito contribui para o alcance dos resultados planejados?


QUE DIFERENÇA ESTAMOS A FAZER?

  • A síntese dos encontros de reflexão que antecederam este encontro nacional constitui a base da reflexão sobre se as acções que estão a ser realizadas no Programa estão a ter resultados. As reflexões giraram à volta das seguintes questões:
  • Estamos a alcançar os resultados de ter colectivos com melhor gestão e sustentabilidade? – As organizações têm melhor desempenho na advocacia por direitos e igualdade de género?
  • As plataformas e redes estão a avançar no quadro legal para elevar os direitos de mulheres e raparigas?
  • Houve avanços na participação, inclusão e empoderamento de novas lideranças e colectivos nas nossas acções e advocacia?
  • O conjunto destas acções e os respectivos resultados está a contribuir para um maior resultado do ALIADAS, que é aumentar os direitos humanos das mulheres e raparigas em Moçambique?


O que já fizemos para chegar lá?

Bootcamp, 18-27 de Novembro de 2020
Este Bootcamp teve como objectivos fazer uma reflexão e aprendizado sobre uma gestão com abordagem feminista, criar a cultura de monitoria do contexto (voz e posicionamento para analisar o contexto) e partilhar informação, comunicação e contagem de histórias na plataforma ALIADAS em Movimento.

Resultado: Melhorou a comunicação, aumentou a literacia digital e criou interacção entre os colectivos. O sentimento do grupo é de pertencimento, fala, conexão. Têm mais informação sobre o ALIADAS, sentem-se orgulhosas de superarem os desafios tecnológicos e de acesso ao formato de encontros virtuais e conseguiram romper com as barreiras dos silêncios.

Reflexões: Para que a gestão seja feminista, é necessário haver solidariedade, boa comunicação, capacidade de escutar e de dizer assertivamente o que é preciso para trabalhar bem. Há também a necessidade de aumentar a aprendizagem colectiva e de fazer um guião ou uma pauta com os princípios, valores e orientações sobre o que é uma prática feminista num colectivo.

Questão de reflexão: Que práticas precisamos mudar? Como ter uma gestão para transformar as relações de género?


Mini-TOCs, 25-26 de Fevereiro (Centro), 1-2 de Março (Sul), 3-4 de Março (Norte)

Os objectivos destes workshops regionais foram a partilha, por parte dos colectivos/organizações parceiras do ALIADAS, de visões e sonhos de práticas feministas fortalecidas e de redes e movimentos mais fortes a nível regional e a construção de um primeiro esboço de teoria de mudança a partir das realidades e contexto das parceiras.

As 3 Regiões: Apoiar as jovens líderes feministas e aproximar as jovens e as antigas gerações; avançar a capacitação, reflexão e aprendizagem sobre as práticas feministas na gestão e no funcionamento dos colectivos; criar espaços seguros internos; intercâmbio e trocas de experiência entre colectivos; identificar as boas práticas feministas, etc.

Para fortalecer o Movimento: ter as práticas feministas que levam às acções com outros colectivos e que fazem uma “movimentação”.

Visão de um Movimento Feminista fortalecido nas 3 regiões: se os colectivos e lideranças feministas estiverem fortalecidos, irão fortalecer o movimento.

  • É importante haver sinergias entre os colectivos e uma agenda comum, juntar esforços sobre assuntos comuns, como no Centro que já identificou ‘Género e Emergência” (Covid, mudanças climáticas e conflitos).
  • É preciso identificar as agendas comuns.

Questão de reflexão: O que significa agir nos cantos mais recônditos, tanto ao nível dos colectivos quer do movimento? Como gerir os recursos humanos e materiais? O que é mais estratégico, dispersar ou concentrar e consolidar? Criar mais colectivos, mas como os conectar? Como equilibrar muita acção e muita reflexão e estratégia?


Reflexão sobre Direitos Humanos das Mulheres, 11 de Fevereiro e 9 de Março

O objectivo deste encontro foi reflectir sobre as mudanças necessárias no ambiente de género em Moçambique para o avanço dos Direitos Humanos das Mulheres.

Contexto: Conflitos Armados – COVID-19 – Mudanças Climáticas Empoderamento económico – redução de recursos para as mulheres;

Voz: Quem presta conta às mulheres?

Literacia Digital: a pandemia da COVID-19 expôs o acesso desigual das mulheres às TICs.

Igualdade de género: Assiste-se a um reforço do conservadorismo através da violência que ocorre contra as mulheres e raparigas; fechamento de espaço cívico; aumento da VBG; mulheres passam por violência física e psicológica em seitas.

O que podemos fazer de diferente: Negociar, influenciar e advogar; criar uma cultura em que os órgãos e agentes públicos prestem contas às mulheres; criar um espaço de diálogo permanente.

A mulher tem que estar no centro da discussão da paz e segurança.

Agir sobre os problemas estruturais: terra, poder económico, tecnologia, trabalho do cuidado, justiça, VBG.

Ter um observatório de Direitos Humanos das Mulheres.

Apoiar o agir do Movimento das Mulheres: Aumentar a confiança dentro do movimento feminista; ter estratégias colectivas; sinergias geracionais;

Questão de reflexão: O que podemos fazer de diferente? Como é que as diferentes iniciativas concorrem para a grande agenda sobre os Direitos das Mulheres e a Sociedade Civil?


Reflexão Mulheres ComVida, 23 de Março

O objectivo desta reflexão foi o de analisar o significado e a importância do que foi feito – tanto com os recursos para os projectos contra a COVID-19, como a rede de influência criada com as estratégias virtuais e de advocacia.

Resultados: A acção desta campanha contribuiu, em todas as regiões, para um aumento da consciência para a prevenção e articulou estratégias comunitárias. Vários exemplos demonstraram o envolvimento do governo distrital e provincial para avançar de forma mais sustentável na prevenção e mitigação da COVID-19.

Temas principais: Protecção social, SSR e VBG, incluindo HIV/SIDA, terra em áreas de mineração e trabalho com as populações deslocadas dos conflitos em Cabo Delgado.

O que fez a diferença: Aprender a agir colectivamente numa emergência sanitária.

Questão de reflexão: Num contexto ainda de pandemia, como seguir as acções que foram iniciadas? Com que recursos? Como potenciar a agenda COVID-19/Conflito Armado, Poder económico, Acesso a tecnologia, Terra e VBG?


Quais os avanços do que já fizemos?


Quais as barreiras e dificuldades que impedem o programa de ter bons resultados?


De que forma o contexto nos impede de avançarmos nas nossas actividades e quais as oportunidades para uma gestão feminista e para o Movimento?


Como melhorar a gestão feminista e a sustentabilidade dos colectivos?

  • Incluir diversas mulheres: mulheres com deficiência, raparigas e jovens, idosas, sobreviventes de violência etc., o que contribuirá para a sustentabilidade;
  • Reflectir continuamente de forma a que trabalhemos todas numa perspectiva de igualdade e desconstruir as relações de poder e transformar as normas e práticas culturais negativas. Reflectir como organizações e não como umas a falar em nome das outras;
  • Criar espaços de aprendizagem nos colectivos e no movimento de forma presencial e virtual, através de uma biblioteca feminista, para as mulheres terem mais conhecimento sobre as práticas feministas.
  • Trabalhar a cultura de género nas nossas organizações.


De que forma as acções de cada região contribuirão para fortalecer o movimento?

  • Ter um plano inclusivo ligado a uma agenda comum como movimento, incluíndo focos decentralizados em cada região;
  • Para que o movimento seja inclusivo: mapear e integrar as organizações formais e informais em cada região para se juntarem ao movimento;
  • Em cada região, coordenar as acções, criar sinergias entre organizações de base e organizar encontros regulares e treinamentos, fortalecendo o movimento.


De que forma poderá a advocacia ser mais estratégica em relação ao avanço dos DH em todo o país?

  • Envolver e estabelecer alianças com as estruturas administrativas e políticas ao nível distrital, provincial e nacional nas nossas acções de advocacia;
  • Melhorar a comunicação ao nível das comunidades, usar a língua materna, incluir as forças vivas da comunidade, líderes comunitários, governo, partidos políticos;
  • Reforçar o espaço de diálogos seguros a diversos níveis, entre a sociedade e o governo, dar voz às mulheres, para comunicar com os tomadores de decisão (cartas, posicionamentos), conversas informais e empoderar-se no activismo digital.


Quais as prioridades para 2021/2022?


QUE DIFERENÇA ESTAMOS A FAZER?

Através do Foto-Voz, um método de recolha de informações com o poder da imagem para transmitir sentimentos e resultados de uma acção, demos voz e significado às experiências individuais ou dos colectivos ao capturar as suas realidades quotidianas. Esta técnica, que deixa florescer os sentimentos por trás dos resultados das acções visíveis, permitiu-nos mostrar o que estamos a fazer e o que aprendemos com as diversas actividades implementadas nas três regiões.


Que diferença estamos a criar para o Movimento?

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Que diferença estamos a criar para os nossos colectivos organizacionais?

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Que diferença estamos a criar para nós como pessoas e activistas?

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Quais os próximos passos?

As WIPs deverão fazer o Plano Regional, voltar às três prioridades e escolher duas ou três acções, com as quais farão um quadro que deverá separar o que são compromisos para um colectivo pôr em prática, o que são acções para vários colectivos/região e o que é de coordenação nacional. Além disso, deverão localizar os recursos já nos actuais projectos e o que precisam fazer para buscar novos recursos.

O ALIADAS deverá fornecer assistência técnica para finalizar este Plano até finais de Maio.

Outros passos serão formalizar a agenda do ALIADAS e divulgar para todas e divulgar o relatório e Foto-voz.

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